breviedades pausadas

breviedades pausadas
entre o verde o vermelho

quarta-feira, dezembro 06, 2006

ketchup























a mordida é do tamanho da gula.
preenche o todo desejado sem receio.
e molha os lábios duma saliva espessa.
adoro vermelho intenso.

segunda-feira, novembro 27, 2006

uoba!

e ela é algo.
é tudo.
vida nova à ela.
longa, tb.
sempre perto.
bons tempos atuais.
a paz tem se aproximado à passos largos.
aprochegue-se.
ando saudosa de ti.
LUZ PAZ E AMOR

segunda-feira, novembro 13, 2006

no mar de águas


naquela manhã em que abri os olhos tive a sugestão de não vê-lo mais.
pensei, porque não, toda dor é mais ligeira quando corremos e não olhamos para trás.
ouvi a porta estalar, você embaixo d'água num ritual cotidiano de erguer-se novo antes de sair.
a barba que me roçava as entranhas, o cheiro que impregnava a minha pele, os cabelos eriçados, tão seus. resquícios agora no ralo, direto, já que se aprumava ali um novo homem.
o perfume -fecho os olhos e sinto atravessando as frestas a essência, adoro seu cheiro misturado com gotas silvestres; me inebria.
fico estática na cama. debaixo dos lençóis comprados a medida de casal. agora éramos um, ou duas partes.
ouço toda a sinfonia que faz no banheiro, dia após dia.
abre a porta, na cama apóia a toalha, a roupa separada ao corpo nu.
todas as noites eu escolho a camisa de botões, a calça de linho
e dou o nó na gravata. uma supertição nossa, a combinação de cores.
gentilmente você agradece, beija-me a boca com hálito fresco, sorri.
desço as escadas. você alguns passos a frente.
os sons instrumentais da copa misturam-se a ópera do gato.
você arruma a mesa e eu corto o pão.
café, laranjas, mamão. bolos, queijos. leite.
escova os dentes, sorri, se alimenta, se calça, não necessariamente nessa ordem.
mas sempre sai. atravessa a porta ao carro. liga-o, acena e some.
fecho a porta e não sou mais ninguém.
sou um alguém sem função em si. acompanho as horas que se arrastam.
você me consumiu demais, eu quis ser outra parte sua, um braço.
uma muleta. talvez um guarda-chuva.
e eu aqui nesse mar de águas, afogando-me, debatendo-me, esquecida.
o gato se roça na minha perna, sobe logo atrás de mim, as escadas.
deita-se comigo no leito-caixão aonde vejo padecer qualquer coisa, eu.
jaz um qualquer coisa de mim pelos cantos da casa, alagada de mágoas.
os risos que se prendem nas molduras nossas, paralisados no tempo.
do banheiro ainda exala o seu cheiro, respiro profundo consumindo todo o ar.
você é o ar em si, absoluto.
expiro. o animal me ignorando se lambe, banho matinal.
e eu me enrolo ainda mais, pensando em fugir, correr sem olhar para trás.
fecho os olhos e me vejo, sentada num café anos atrás.
uma fulgaz felicidade ímpar nos olhos, e você refletido neles.
o "sim" repetido diversas vezes, eufórico como as pernas, as mãos.
abro-os, já molhada. a água chegou a linha da cama.
ela sobe lenta e contínua. sinto-a na face, sobe acariciando as bochechas.
entra pela boca, pulmão, nariz.
o corpo num reflexo animal me cospe da banheira.
expectoro a água. retorno a cama, úmida. sozinha, fracassada.
ouço a campanhia, desço trôpega, fito a fechadura que roda só.
você, sim você, eu, qualquer função, êxito.
deito em posição fetal e você me envolve. volto a primeira noite que te vi.
sussurra, ainda há tempo de mudar.

quarta-feira, novembro 08, 2006

um contra, outro a favor

no resquício de luz que se permite.
entre os dedos entreabertos por onde escapa.
nos lábios cerrados do calado atônito.
pelos olhos aflitos do interlocutor assoberbado.

as calçadas da rua emolduradas.
nós entre molduras, fora delas ou em qualquer movimento, por um passo.
a distância que se aninha no hall de mágoas, chega à sala, despida.
tinha cheiro por lá. odor nosso, daquele amor sublocado.
pensávamos, eterno, intenso já fora demais.

um dia na rua só, faltava-me o guarda-chuva ou faltava-me você.
o desapego é isso, desconcentração do valor real do outro, enquanto bem querer.
sempre muito mimada. sempre a bater os pés e chorar copiosamente à ter atenção.
o estranho é que nunca lhe faltei. você em pedestal de pedra. fincada no meu peito.
disse árido?

abri a porta e te vi sentada, fitando a janela de persianas entreabertas.
como nossa mascote deu-me um instante de atenção e voltou.
entrei, despi-me, lavei-me, vesti-me, comi e já angustiado fiz menção de lhe tocar.
mas aonde você teria ido depois?
os lábios frios me tocaram parcelado, o olho esquerdo perdido no meu direito, molhado.
mansa me ofereceu os braços, maternais, sorriu e andou pro quarto.
descalça, porque deixou os chinelos?

eu não posso. bati na porta inúmeras vezes, mentalmente. uma, na verdade.
espero e anseio por vê-la. não vem.
a orelha fita a respiração apertada atrás da porta. chora contida, triste demais por lágrimas.
sufoco-me. a essa altura a sala já está abarrotada e você não aguenta mais.
desci as escadas, precisava de alguma adrenalina correndo em mim, anestésica.

foram horas de palavras cuspidas, ressentidas, antigas e desnecessárias.
foram horas de silêncio absoluto, de olhos inchados e mãos recusadas.
foi uma eternidade, triste, intensa, inesquecível.
foi o fim de tudo o que já tinha acabado em nós em silêncio, asfixiado.

corri até nossa antiga casa e percebi que há muito tempo perdera seu cheiro.
você estava nas cartas, nas fotos, na mascote, em silêncio.
e então eu sofri como alguém que tentou demais não se envolver em vão
e perdeu o chão, a chance de ser um pouco mais do que só um.

decidi fechar as persianas e no chão da sala deitar.
a cama era sua, as chinelas fui eu que te dei.

segunda-feira, outubro 30, 2006

entre-ar



avulso.
entre nós, ar.
entre-ar.
distantes até não sentirmos calor.
calor humano, do outro.
outrem, que vem e vai, e é assim, igual.
somos assim, parecidos.
cabelos, unhas, uns sorrisos sozinhos.
e andamos num sentido que ás vezes respira,
engasga.
para algum lugar comum, nosso.
dentro de nós, velado, outra vez só.
penso, não, não penso tanto, nem em nós, comuns.
porque ao acaso somos, jogados,
em ventos que nem sempre sopram.
os olhos brilham, longos, minto, não brilham tanto.

O amor ás vezes ofusca os olhos, como cílios que caem.
a intensidade é inversamente proporcional a felicidade,
qual felicidade era mesmo?
sim, ao comum, a felicidade de todos que amam sem demasia.

os outros andam, perambulam. como nós. sem mais.
somos todos doses de relacionamentos superficiais.
ao menos quase todas ás vezes ao longo dos dias e dias.
e os olhos não se trocam, os braços se degladiam.
e o contato mais longo é o esbarro alheio, quando sonolento.

sem mais. sem mais nada mesmo.
afinal avulsos como todos os eus comuns dentro de nosso mundo-anonimato.

terça-feira, outubro 10, 2006

Curioso.


As águas de março ainda perduram.
Curioso isso.
Não só as águas repetem o ciclo. Ou fogem dele.
Todos nós num fluxo contínuo.
Vindo sempre a cumprir às expectativas de outros tempos.
O medo é a pior herança genética que carregamos. Digo, medo-metafísico. Aquele "órgão" social que nos mantém homens coletivos.
Sempre a ter medo de tudo. Da coragem em especial. Que aqui se submete as conveniências.

quarta-feira, outubro 04, 2006

primórdios

Do homem que pouco se tem.
Ao homem que pouco se acha.
Nas entranhas que nos custa crer.
Ao silêncio que nos degrada.
Pelos olhos turvos dos dias.
Para dedos presos pelo medo.
Na caverna que pouco nos diz.
De todos os anúncios que nos fizeram,
em outros tempos.
No fim que acomete a todos,
todos ao mesmo tempo, no que dizem alguns.
Mortos estamos hoje, homem se liquefez.
O alter-ego falido, por previsão do homem
que tenta se construir, no padrão homem,
tão comum à todos os outros homens mais ou menos.

mais ou menos história, fábula de si.
menos verdades absolutas.
mais medo e subordinação.
O homem sociedade amarra o nó, nos quer ali,
contidos nele, enquanto figuras representativas,
homem social.
Nem mais um odor, ou rastro de baixaria, "selvageria".
Somos matéria homem, homem subproduto do meio,
meio composto por homem, decomposto figura social.
Aquele que cria submete-se a criação do gênero, da gênisis e do medo.
Engole guela abaixo ou cu adentro. Atento a não convergir,
tendencioso a ser o novo homem a criar o homem.
Silêncio e homem, sinequia.

terça-feira, setembro 05, 2006

"vento velho"


e o tempo horas demais passa arrastado.
leva tempo, diria, pra concluir a hora.
aquela de se fazer algo. mudar de fato.
e o vento desliza junto, na brisa, pela pele fria. sopra, atenua as rugas que florescem. sim, flores nascem, primavera são os anos. tudo como outro dia foi. mas sempre novo, o ontem guardado, numa caixa de lembranças que se esvazia, lenta e sozinha. se esquecem os dias. aqueles outros todos. portanto os beijos, as carícias. penso, todavia restam os presentes, ou presente, singular e só. perambulam os dedos, atônitos, cansados das mesmices que lhes cabem. cabelos, presilhas, antes fumaça. os pés tocam uma melodia qualquer, desritmada. mas cantam, espatam os males, e cantam, sorridentes à boca. foi o frio que enrugou os dedos, enrubesceu as maçãs. sim, o frio trazido pelo velho vento.

terça-feira, agosto 29, 2006

Destino, descolado.







Para onde estamos indo?
(...)
A esquerda nunca me caíu bem. Ser destra faz com que o lápis deva ser segurado pelo indicador direito. Bem que outro dia arrisquei-me com os dedos trôpegos esquerdos, e fluiram bem. Fizeram riscos precisos, coesos e círculos tortos, desajeitados.
Já contei que meu pé direito é menor? Quem não tem dedos gordos, por exemplo. Os meus são bolinhas, que somam-se a outra bolinha, que representa fisiologicamente meu pé, seja esquerdo ou direito. Chato é o nome disso. Designa pés gordos, ou arredondados. Deveria ser oval. Não chato, que soa como achatado, ou alguém inoportuno. Caso que não é veridico, quando falo do meu pé esquerdo.
Mesmo ele sendo meio desequilibrado, trôpego. E sempre pendendo pra fora, chamando-me para sair pela tangente. Num novo destino. A tangente não é especificamente o menor espaço entre dois pontos. Meu pé tem aquele jeito desbravador. Está sempre a frente de seu tempo, peraí, do tempo real, meu por sinal; cutucando com seus dedos os objetos que se prostam diante dele. Por vezes esses são constituídos de matéria sólida, o que pode provocar hematomas, calos e outras coisitas mais. Que por sinal não são tão ruins assim; afinal indica que eles estão inteiros. Existem, já que sentem dor, por exemplo. Mas a direita em contrapartida finca, está sempre disposta a discustir liderança e determinar o rumo das coisas. Finca, e não arreda o pé enquanto não é obedecida. Coisas de quem foi mimado a vida toda. Chamaram-o de lindo todos os dias de sua vida. Minto, eu não costumo concordar com isso. Mas tem aqueles que super protegem seus filhos, como no conto da coruja, que avisa ao lobo para ele não comer os filhotes dela, e indagado de quais seriam, registra que são os mais belos; o ditado da estória, depois de comidos e digeridos a mãe aprende que a visão de toda progenitora é turva em relação aos seus animaizinhos, literalmente.
Mas de volta ao pé. Para onde estamos indo de fato?

sexta-feira, agosto 18, 2006

folhas demais.

Um tanto de nós deixado de lado.
Assim ressentem as folhas riscadas,
rabiscadas, remexidas.
Aquele branco que atravessa a retina.
Tenta esburgar a alma.
Deixar-te de entranhas expostas.
Verdades em demasia confessionais.
E o silêncio te atropela. Por ora o descasso soberbo.
Estão todos ocupados demais com seus castelos.
E na areia frágil, de que somos, estamos sempre na estaca zero.
Nós, no recomeço permanente de nossos medos, diria.
Mas aqui reina uma qualquer tranquilidade.
De tantos sobrenomes, apatia.
Nos dias longos demais, que parecem iguais, mesmo quando flagrados na cena.
(...)
Sabe-se que a criatividade é proporcional à um qualquer fracasso.
Quer melhor personagem do que si próprio?
(...)
Tendem sempre a crer que somos como nossos dedos descabidos.
Que falam por si só, sem consentimento das demais partes que me cabem.
Mas cá entre nós, assim como folhas em branco, as palavras não lidas.
(...)
Ressentidas, por uma falta de amor.

quarta-feira, agosto 16, 2006

vozes, transpira.


som. voz.
aos meus ouvidos soa tão bem...
Joni Mitchel.
(...)
por ora, Jenny Lewis.
"Handle With Care"

segunda-feira, agosto 14, 2006

amarelo luz.













Luz.



Luminescência.
Uma qualidade ímpar.

(...)
Abreviações, cá entre nós, eufemismos incipientes. Penso o quanto de nós é reproduzido a torto e a direito ( ora sem direito) no caso de quem nem ao menos sabe quem somos, fato. Quantas ligações covalentes existem partindo de indivíduos indiferentes. Sabe-se lá o porque real dessa indagação. O que de fato perturba à caráter de hesitação. O silêncio que atropela a boca, corrompida, atônita, por ora muda. E traçar linhas tão próximo e tão distante na anfibologia do orgulho depravado de todos. Sonego, silencio. Parto do pressuposto que dissipasse por partículas impercepitíveis, que acumulam-se sós nos cantos do pranto de um qualquer ego falido. Em dias azuis demais para serem queridos. No baço d'olhos que nos nega uma plácida beleza hipócrita, desse amuado ambiente, de contrastes tão silenciosos e estrondosos. Pavimenta o peito logo que acalente. Melhor que flua entre concreto árido à que músculo nerval.
(...)
"coisas da vida", duma esquizofrenia tão humana.

jangada nas cores da vista cansada.


"Coisas da vida."
No curso dos acontecimentos a vida tem seu próprio desfecho.
Atenua aquilo que chamamos "rugas".
Bem, são mais que pequenas imperfeições no contorno dos olhos, boca.
As rugas respondem por uma parcela maior.
O reflexo.
São os anos a mais de quem se apega em demasia a "matéria".
Ora o excesso do riso, dito frouxo, desnecessário.
Sem exagero a busca por formas perfeitas.
Como o descasso delas.
A preocupação de quem cria os filhos pro mundo.
Ou dos pais exacerbadamente preocupados.
Curioso que todos pendemos para as mesmas rugas.
Marcas de expressão.
Seria no final das contas o quesito idade que nos igualaria.
Vivência por si só.
Seja na necessidade, por prazer.
(...)
"Talvez um dia quando for mais velha você compreenda a minha posição."
Será que devo almejar compreender?
Ora menos rancoroso deixar de lado.
Excesso de zelo 'aos' olhos, trás pálpebras flácidas cedo demais.

sexta-feira, agosto 11, 2006

como desejo.


inspiração.
um sonho. anseio.
aquele desejo que lhe consome.
por inteiro.
(...)
"quero para mim muitos gatos e filhos.
na ordem que me for permitido."

quinta-feira, agosto 10, 2006

Força



fortaleza.

entre músculos.
ligas.
entre ossos.
ligas.
entre artículas.
ligas.

(...)


o corpo tem limites.
ainda desconhecidos.
há uma alma.
ainda irrevelada.
temos outras estórias de nós mesmos.
guardadas ao longe na memória.

depois de ontem.

"andei por horas.
entre deslizes portugueses.
parava nos cantos e olhava a pressa.
os carros guiando-se em camêra lenta.
o sol rasgava a pele.
o rímel borrado, além dos cílios.
os lábios secos com resquício do vício.
perambulava atônita. atemporal.
chiavam bocas, línguas próximo a nuca.
o silêncio era dispersado,
logo ao lado do rabo de cavalo. (...)"

mulheres densas.
apelo.apego.
entre nossos dedos, a calma.

esverdeado.












dias de chuva.



uma tempestade distinta.
de entranhas.
e nelas.
com uma qualquer similaridade aos dias comuns.

quarta-feira, agosto 09, 2006

coisas da vida.















Logo cedo.







Hoje é daqueles dias em que se constata coisas.
Aquelas tais "coisas da vida", referidas por alguém que traça letras, desinibido.
Bem, hoje acordei e me vi escrava da mão que corre entre os olhos.
Sim, creio que nasci com coriza.

acto de mirar.

Estamira.
Aquela que mira. Esta Mira.
O dom em si do olhar além.
Aquilo de nós descoberto.
Entregue as mazelas d'alma.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Amarelo olho.


Olho.
No meio.
Amarelo olho.
Sombreia.
Pede olho.
Margeia.
Atenção recorre.
Desliza, linha.
Circula, anula.
Decifra-te sentido.
Perdido no caso.
Descasso teu,
do olho que mira.

Reprisa olho.
No meio.
Outrora, amarelo.

Mundo novo, velho de hoje.


Entre nós, todos, aqueles que de perto nos igualam.
De perto os gestos, todos, naqueles que bem queremos.
Outro dia sóbrios, todos, vimos de espectadores os nossos fracassos.
Nos olhos pálidos, todos, fomos ao acaso abandonados.
Viemos, todos, sob vulgo de interioranos do umbigo mundo.
Sorteia ambos, todos, prêmio interino tempo.
Olhos outrora, em todos os rostos, molham maçãs róseas.

Porque soa.


"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada, nada"

timbre, Bethânia.
letra, Arnaldo.

segunda-feira, julho 31, 2006

O tacto falado.


pulsos.
muitos pulsos.
pulsam.
na pulsam de pulsar peito.
pulsa.
pula.
expulsa de si.
imputa a tua culpa.
pulcro pulso.
embalado por ti.

aquele sentimento que nos acomete juntos de si na alvorada mirada.

quarta-feira, julho 26, 2006

Girassóis



Um lugar pra dois.






Com um carinho aninhado.
Sobreposto os que virão.



doente.
requer cuidados.

terça-feira, julho 18, 2006

Um Brilho Qualquer a Arrancar Suspiro.


E sempre naquele lugar comum.
Aonde o peito sempre revisita um sorriso cru.
Os lábios tocam as palavras densas.
Teu cheiro impregna a minha pele.
Nossos meios são os mesmos sempre como novos.
E o caminho é um só, nessa estrada bifurcada.
Sempre pronta a lhe atender, recíproco.
Nas demasias que tornam os dias de tanta estimada valia.
Bem próxima ao peito, noutro coração que não guarda ressentimento.
Pela primavera de tantas necessárias tempestades.
Teu amor, meu, na proeza de se manter digno.
Quando dois não podem ser um porque desejam multiplicar.
Alegrias e soluços que afibrilam o peito de nostalgia.
A vida conjugada de quem escolhe viver em comunhão.
O eterno anseio que te felicita de desejar tornar-se melhor.
Te Amo Meu Grande Homem. Meu Grande Amor. Minha Inspiração. Minha Vida!

domingo, julho 09, 2006

Malquistado

flama.

Outros olhos.
Outros dedos.
Alguns pecados.
Aquele medo.
Todo o silêncio.
Um pedido, um dissabor.

A sempre falha convivência humana.
O erro que nem sequer justifica.
Desavirmo-nos outrora.

quarta-feira, julho 05, 2006

Brasil com "z"


Brasil para estrangeiros.
"vá cá saber".
(aonde termina o 'cu' do pobre.)
Dos dedos das mãos às contas das notas pagas ao mercenário.
Só miséria de especulação.

Maracujá. Tanto gosto.

segunda-feira, julho 03, 2006

mucosas


entranhas.
entre aquelas.
naquelas.
nossas partes.
irriga.
corre pela pele.
leva e trás.
cresce verde.
enrosca.
se perde.
outrora ponto de fuga.

segunda-feira, junho 26, 2006

A genialidade por si só desmorona


Fantástico!
Pollock!

O quanto um homem brilhante pode ser alimentado por uma grande mulher...
Bom filme.

sexta-feira, junho 23, 2006

Sono. Aquele que te convoca.

Vem cá comigo?
Sim, vou.

Deita comigo? Sim, deito.

Sonha comigo? Sim, sempre.

Sempre a pedir carinho.
Sempre à cuidar de mim.

Descobrindo novos mundos. Ou os mesmos de outra forma. Revivendo-os com outros olhos.De muitos planos e dedos cruzados.
Agora presto contas à Morfeu.

quarta-feira, junho 21, 2006

De bem com o corpo

De fato uma experiência fantástica.
Regresso na próxima semana.
Objetiva e passional.

terça-feira, junho 20, 2006

nada a declarar


caminhemos sempre além das adversidades.




"hoje vai ser um dia melhor."
Little Chicken. =]

amanhã eu entro na agulha. afe. melhor as agulhas entram em mim. soou estranho.rs

felicidade que atropela o peito

somente uma bela imagem.










Grata!

sexta-feira, junho 16, 2006

amor demais

estranho.
o sentimento regido pelo absoluto, incondicional por vezes nos causa estranheza.
aquela que preza pela certeza de que tem razão intrínseca gostar tanto de alguém.
não que em si não haja. mas fica condicionada à outras variantes. dessas, simbologias e linguagens nas quais fomos criados e constituem elos, como a família. entretanto poucas vezes nos vemos demasiadamente distantes daqueles que amamos incondicionalmente. e não foi uma ou duas vezes que vimos, ouvimos ou falamos isso para outrem. mas dissimulados tendemos à cumprir os erros já vistos. bem, essa não era a novidade que desejo expor. não, não escrevo auto-ajuda. se bem que novidade alguma viria a apresentar-lhes. falo tão só desse sentimento que atropela toda a razão, por ser em si a razão de tudo. do início que ele vivenciou concentra-se a essência daquilo que sou. mesmo estando aqui, num lugar cativo e só teu, me consumo num segundo do medo de perdê-lo. medo, oriundo da fraqueza, da falta de fé, de resignação; aquilo que é humano. egoísta de querer mais tempo. de vê-lo ostentar em punho seu descendente. seguro de estar em seus braços, como eu já estive. fique mais. te peço. por favor.
descanse bem e volte para casa. quero vê-lo dormindo tranquilo no quarto, enquanto espera ansioso a vinda dos bisnetos. te amo vô. te amo patriarca. de amor absoluto e consciente por tudo o que o senhor me representa.

terça-feira, junho 13, 2006

ao futuro.

Germinar o futuro.
Preservar o passado.
Resguardar os nossos.
Anteceder.
Posterizar.
Guardar em si o amanhã.
Salvar-nos, alimentar.
Provir segurança, subsistência.
Trás consigo o elo maior.
A natureza do homem,
maior do que o homem,
contínua, como a própria ciência homem.
Os olhos aflitos, atônitos
que perdem entre dedos sua gana.
As bocas que festejam, em riso
a colheita proveitosa.
Seja soja, seja feijão, à fome
de massacre à de silêncio.
E no solo, germina em si,
a esperança de provir vida.
Até aos filhos da terra, atribulados,
que esquecem seu papel filial.


bem, à lembrar meu novo reencontro com elas.
seremos parceiras. =]

foto: internet.

segunda-feira, junho 12, 2006

amor. te quero bem.



discursava sobre modos.
ouvia atenciosamente seus delírios.
submetia-se as chantagens emocionais.
rompia seu limite físico e a deleitava de prazer.
mexia-se menos para lhe dar espaço.
engolia choro a seco para evitar-lhe desconforto.
contava suas histórias para lhe agradar.
escrevia bilhetes para lhe declarar.
a abraçava para lhe proteger e envolver.
sussurrava injúrias eternas para lhe acalmar.
a acariciava para externar afeto.

sonegava seu sono para vê-lo dormir.


amava tanto de um jeito só teu. peculiar como eu te queria bem em si.
assoprava no ouvido direito antíteses do esquerdo afloradas de ira no verbo.
sozinhos contavam as horas para se revisitarem. nos trejeitos soberbos se procuravam de rabo de olho.mas sempre foram eloqüêntes. e como se amavam tanto.
aquele amor que deixa frutos. no solo irrigado do peito que sente.

e quem ama outrora se ama outra vez. sem resquícios de mentir para si sobre o anseio ressabiado de acalentar.

naquele dia, rir como terapia.

Arnaldo Antunes
Alegria


Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar o novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e dançar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar eu vou te dar eu vou
Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou
Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso e risada
Do meu amor


No picadeiro anunciam.
Os palhaços vêem fazer a festa.
Dão cambalhotas e tropeços.
Chamam à si a razão do riso.
Na platéia vibram entusiasmados.
Crianças, de olhos brilhantes.

Pedem mais palhaçadas.

Amor, amo muito nos sonhos que tornam a vida um picadeiro de emoções.
JoeSorren. apelidado de Palhaço. ótimo trabalho!

sexta-feira, junho 09, 2006

descaso de todos.


O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Bertold Brecht

(...)
As pessoas se silenciam quando perdem o rumo.
As pessoas se consomem pelo medo.
As pessoas se divertem em verem como telespectadores de novelas cenas cotidianas pavorosas.
O circo do terror já esta tão impregnado na pele que quem ousa falar dele é no mínimo eloqüente.

(...)
Nos consome uma certeza de que somos, graças a ignorância, ausentes de todo mal. Nos vemos pessoas de bem, que fazem o bem, que buscam se aprimorarem enquanto seres humanos.
(...)
Achar que engoliu um sapo maior que a boca é perceber que você está longe de ser alguém melhor.
Retalhos de um texto antigo. Menos do quê a apatia alheia. Sofrível pelo desabafo que é. De um ato tão repulsivo quanto condenável. Nada que lhe surpreenda. Você já o cometeu. A defesa como ensinamos sempre foi o melhor ataque.

alfama.

foto: olhares.com (cá entre nós, um lugar fantástico!)

Vou colocar suas cuecas para secar?
Já lhe dei de tudo.
Roupa limpa foi a gota.
A gota d’água daquilo que merece e me cabe.
De todas as liberdades, faltou-me a do “não”.
Dei lhe amor à pagar em suaves prestações.
As pilhas de jornais pelos cantos da sala,
multiplicaram-se pelos móveis, sofá e banheiro.
Nem o pão ficou sem ler as crônicas do jabor.
Devia saber, você gosta dele, quem seria mais
patético? Eu, afinal eu gostava de você. Bem,
as vezes penso que ainda gosto.
Do cheiro. Do teu cheiro impregnado no travesseiro.
Mas não te quero. Não mais morando aqui.
Por ti deixei os amigos de lado, larguei o cigarro.
Sem falar da cerveja, os bares novos que não conheci.
Em resumo perdi um gato, sim, o Nicolau.
Traído foi-se embora e nem sinal.
Me prometeu filhos com prazo de fabricação à expirar.
Para provocar ouvia gil, caetano, alto lá, mesmo.
Chorou na morte do “nhonho”, no enterro do meu tio-avô não foi.
Por essas e outras já devia ter te dado um pé na bunda.
(interrompida, reflete e responde: Sim, a essa altura já secaram, amor.)
Aonde estávamos mesmo Fulana?


Por isso sempre valerá a máxima.
“Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.”

quinta-feira, junho 08, 2006

Maldade!?!


"(...) só não te convidava pra tomar um refresco de capim e limão porque soaria arisco. (...)"


naqueles outros dias em quem a pessoa escolhe não pronunciar-se cabem dúvidas fúteis.
mas o silêncio interpela-as quando simplesmente provoca exacerbada indiferença.
(...)
já não tem mais importância. a indiferença encerra tudo o que for.

quarta-feira, junho 07, 2006

De sentido fazemos a vida que levamos


"(...)
O cuidado com que nos fizeste.
Com requintes de detalhes que se perdem à vista.
Sombras e linhas de expressão.
A traduzirem os sentimentos remotos.
(...)
Aquilo que somos traduzidos na fragilidade que consistimos.
E como cabe uma alma em corpo tão limitado?
O que nos espreita quando os olhos não se abrem?
A amargura que transita fervida nos olhos pálidos.
O corpo que sustenta apático o silêncio da alma.
Aquilo que nos preenche a cor que insulta o outro.
De decadência se constrói a história que deixamos.
Aos nossos com amor, o peso de nos verem sucumbir.
No corpo se conforta o tempo, odiado por nós mesmos.
E por intermédio dele vemos trafegar a ilusão que nos cerca.
Olhos de púrpura que alcançam nossos medos.
A fúria que os salta, desbrava o infortúnio destino.
Somos iguais de imagem que sobressai distintas.
Com percalços que nos marcam de maneira única.
Somos fruto daquilo que mantemos respirando dentro de nós."
(...)
"Te cabe almejar a felicidade que lhe consiste. Saiba, a alheia."
David Ho
ventre

sussurro


"Dias a fio. Sem o que sequer preciso para defender-me de mim. Espero encontrá-lo em breve. Faz-me muita falta. Pequenos desejos dos tantos superficiais subterfúgios."

"(...) e um almejo próspero. Quero aquele alter-ego falido. Talvez ajustem ao meu número. Não me custa nada tentar outra vez."

"De rabo de olho fito atônito o teclado entre dedos."

Björk. aos montes.

aquele traço, curvo. em curvas.


esboço.
abre a boca e esboça aquela reação.
fecha os olhos e esboça aquele gesto.
toca os lábios e esboça todo o querer.
sente a pele e esboça o arrepio que te consome.
deixa esboço do que vivemos.
anota em traço teu último grito.
soma em linhas tortas minhas mentiras.
sublinha em caneta esferográfica, meu caminho pontilhado.
ronda meu sono, no sonho que consome desejo.
peca, estapeia, esperneia, emudece,
mas aplaude o esboço que hesita, e não nega.
olha nos meus olhos esboço dos seus traços.
sente no meu cheiro, impregnado suor da tua pele.
rasga meus bilhetes, meus percalços, uns perdões atados.
digere o café que te trouxe de pão murcho.
toca a minha mão com tua palma.
pressiona teus dedos contra a parede.
suplica amores trôpegos, alcoólatras.
sugere traçar por cima, minha linha de raciocínio.
comete a gula de alimentar-te de mim.
só mais uma vez, mas perdura na conta fiada
tuas dívidas, a pagar em prestação
assim não acabo-me antes de acabar contigo.
amor bandido. desprendido. sem amor.

naquela sala de paredes vazias, jazia.


(...)
só na sala.
nenhum resquício de odor me atribula os pensamentos.
em silêncio, vejo atravessar o calafrio da fresta.
quem fomos por tempo demais?
estive de véu e grinalda, com o rímel já nos lábios.
pensava em toda a ruptura do presente movimento.
sonhei em lhe ver diante de mim.
todos os nossos momentos resumidos numa qualquer palavra.
faltaria em nossos vocabulários o destino da angustia.
sempre deixando de lado aquilo que não convém.
assalta o peito um ruído na porta.
os dentes enfeitam-se para a festa.
a porta ronca, estica, perturba um silêncio mórbido.
fecho-os de tanto se apertarem pelas bochechas.
respiro ausente da pressa de cometer-me um esquivo.
o odor me entranha à pele.
da solidão se ocupa a ausência de si.
oriundo dela prolifera a escassez de um outro qualquer.
numa realidade em que me faltaria tudo.
nunca me faltou à criatividade que me impede de ruir.
(...)

amor que enlaça os sonhos


entre o berro que ecoa no precipício da razão e toda a eloqüência
travestida nos bons modos de nossa educação...
entre o limiar do silêncio e do rompante do grito estridente...
entre o malôgro de nós e nosso intrínseco desespero...
entre a plena felicidade que sobrevive num segundo inteiro...
entre o meu corpo e o seu enquanto repousamos...
entre o que sonho e o que vejo materializado duma fantasia qualquer...
entre o meu amor e todo o medo...
entre nossos dedos...
entre nossos lábios...
meu amor...
(...)
lembranças dum amor sempre revigorado!
naqueles dias de uma história de poucos dedos.

terça-feira, junho 06, 2006

a misericórdia por aqueles comuns

(...)
não que o homem não possa ser tudo aquilo que compreenda nojo.
a ausência de novas respostas a todas aquelas perguntas que nos perseguem ao longo da vida nos trás a cólera da amargura.
e o que custa se provir de uma qualquer mediocridade em nome de uma vã, porém possível felicidade em nós.

(...)
num final como aquilo tudo que iniciamos a algum custo.
tudo é posto em xeque.
não haverão mais groselhas por aqui. nem tortas aromadas com canela.
nem com o tempo poderiam esquecer as macieiras do gosto que provaram aos seus pés.
a nenhum homem se daria a dignidade de esquecer tempos como aquele.

e nem se fossemos nós, esqueceríamos aquilo de que fomos cúmplices.
apesar do peculiar sentido que havia em cada um de nós.



(...)
o filme. Dogville

quinta-feira, maio 04, 2006

atrás da porta.



em casa sentada.
no canto da sala de pernas cruzadas.
fitando a caixa preta reluzente.
soberba, distraída de quem ali está.
pensando alto no próximo passo.
ao lado o público espera.
de olhos fixos na apatia que o cerca.
as mãos percorrem os joelhos.
entre as cochas encontram abrigo.
o nariz coça.
todos estão gripados a essa hora.
rasga o silêncio maestral o público.
exaurido da fala interrompida pela vinheta.
abaixa a cabeça de lábios ásperos.
os pés frios de unhas pintadas sem brilho.
encolhe-se. surda, muda, cega.
o público interpela. uma mão se lança.
aproximam-se braços, pernas, dedos.
costas largas, peito aberto, sorriso.
lágrimas correm vazias.
goteiras pelas bordas do rosto adormecido.
a pele fricciona-se. aquece.
...
se pressiona o dedo contra parade.
naquela caixa retangular acende uma luz.
o tempo vagaroso parece não causar perda.
corre precisa a porta.
em pé deseja-se que não pare.
a música acaba nos ouvidos.
entra outro vizinho. solicito.
um sorriso gentil emitido.
a caixa para. sutil.
olha-se mutuamente programando-se.
se cede a vez outrora.

terça-feira, maio 02, 2006

logo ao lado encerra outrora.


perdemos a malícia de ir e vir sem pudor.
trafegamos nas vias que agora alongam-se limitadas.
o saber compartilhado fora fracionado em medidas desiguais.
somos o iminente fim do princípio.
...
porque eu queria responder as perguntas que nunca me fizeram...
porque nunca nos fazem a pergunta certa para nossas respostas
decoradas...
porque viver é uma farsa corruptiva...
porque atitude é uma condição vaga de ação...
porque sonhos, medos, anseios, crenças e desejos sempre corroeram dentro de nós...
e assim sempre estarão.
(trecho extraído duma prosa de outro tempo.)
e estamos de certa forma pré-dispostos a tentar de novo. rs