breviedades pausadas

breviedades pausadas
entre o verde o vermelho

quinta-feira, maio 04, 2006

atrás da porta.



em casa sentada.
no canto da sala de pernas cruzadas.
fitando a caixa preta reluzente.
soberba, distraída de quem ali está.
pensando alto no próximo passo.
ao lado o público espera.
de olhos fixos na apatia que o cerca.
as mãos percorrem os joelhos.
entre as cochas encontram abrigo.
o nariz coça.
todos estão gripados a essa hora.
rasga o silêncio maestral o público.
exaurido da fala interrompida pela vinheta.
abaixa a cabeça de lábios ásperos.
os pés frios de unhas pintadas sem brilho.
encolhe-se. surda, muda, cega.
o público interpela. uma mão se lança.
aproximam-se braços, pernas, dedos.
costas largas, peito aberto, sorriso.
lágrimas correm vazias.
goteiras pelas bordas do rosto adormecido.
a pele fricciona-se. aquece.
...
se pressiona o dedo contra parade.
naquela caixa retangular acende uma luz.
o tempo vagaroso parece não causar perda.
corre precisa a porta.
em pé deseja-se que não pare.
a música acaba nos ouvidos.
entra outro vizinho. solicito.
um sorriso gentil emitido.
a caixa para. sutil.
olha-se mutuamente programando-se.
se cede a vez outrora.

terça-feira, maio 02, 2006

logo ao lado encerra outrora.


perdemos a malícia de ir e vir sem pudor.
trafegamos nas vias que agora alongam-se limitadas.
o saber compartilhado fora fracionado em medidas desiguais.
somos o iminente fim do princípio.
...
porque eu queria responder as perguntas que nunca me fizeram...
porque nunca nos fazem a pergunta certa para nossas respostas
decoradas...
porque viver é uma farsa corruptiva...
porque atitude é uma condição vaga de ação...
porque sonhos, medos, anseios, crenças e desejos sempre corroeram dentro de nós...
e assim sempre estarão.
(trecho extraído duma prosa de outro tempo.)
e estamos de certa forma pré-dispostos a tentar de novo. rs