breviedades pausadas

breviedades pausadas
entre o verde o vermelho

terça-feira, agosto 29, 2006

Destino, descolado.







Para onde estamos indo?
(...)
A esquerda nunca me caíu bem. Ser destra faz com que o lápis deva ser segurado pelo indicador direito. Bem que outro dia arrisquei-me com os dedos trôpegos esquerdos, e fluiram bem. Fizeram riscos precisos, coesos e círculos tortos, desajeitados.
Já contei que meu pé direito é menor? Quem não tem dedos gordos, por exemplo. Os meus são bolinhas, que somam-se a outra bolinha, que representa fisiologicamente meu pé, seja esquerdo ou direito. Chato é o nome disso. Designa pés gordos, ou arredondados. Deveria ser oval. Não chato, que soa como achatado, ou alguém inoportuno. Caso que não é veridico, quando falo do meu pé esquerdo.
Mesmo ele sendo meio desequilibrado, trôpego. E sempre pendendo pra fora, chamando-me para sair pela tangente. Num novo destino. A tangente não é especificamente o menor espaço entre dois pontos. Meu pé tem aquele jeito desbravador. Está sempre a frente de seu tempo, peraí, do tempo real, meu por sinal; cutucando com seus dedos os objetos que se prostam diante dele. Por vezes esses são constituídos de matéria sólida, o que pode provocar hematomas, calos e outras coisitas mais. Que por sinal não são tão ruins assim; afinal indica que eles estão inteiros. Existem, já que sentem dor, por exemplo. Mas a direita em contrapartida finca, está sempre disposta a discustir liderança e determinar o rumo das coisas. Finca, e não arreda o pé enquanto não é obedecida. Coisas de quem foi mimado a vida toda. Chamaram-o de lindo todos os dias de sua vida. Minto, eu não costumo concordar com isso. Mas tem aqueles que super protegem seus filhos, como no conto da coruja, que avisa ao lobo para ele não comer os filhotes dela, e indagado de quais seriam, registra que são os mais belos; o ditado da estória, depois de comidos e digeridos a mãe aprende que a visão de toda progenitora é turva em relação aos seus animaizinhos, literalmente.
Mas de volta ao pé. Para onde estamos indo de fato?

sexta-feira, agosto 18, 2006

folhas demais.

Um tanto de nós deixado de lado.
Assim ressentem as folhas riscadas,
rabiscadas, remexidas.
Aquele branco que atravessa a retina.
Tenta esburgar a alma.
Deixar-te de entranhas expostas.
Verdades em demasia confessionais.
E o silêncio te atropela. Por ora o descasso soberbo.
Estão todos ocupados demais com seus castelos.
E na areia frágil, de que somos, estamos sempre na estaca zero.
Nós, no recomeço permanente de nossos medos, diria.
Mas aqui reina uma qualquer tranquilidade.
De tantos sobrenomes, apatia.
Nos dias longos demais, que parecem iguais, mesmo quando flagrados na cena.
(...)
Sabe-se que a criatividade é proporcional à um qualquer fracasso.
Quer melhor personagem do que si próprio?
(...)
Tendem sempre a crer que somos como nossos dedos descabidos.
Que falam por si só, sem consentimento das demais partes que me cabem.
Mas cá entre nós, assim como folhas em branco, as palavras não lidas.
(...)
Ressentidas, por uma falta de amor.

quarta-feira, agosto 16, 2006

vozes, transpira.


som. voz.
aos meus ouvidos soa tão bem...
Joni Mitchel.
(...)
por ora, Jenny Lewis.
"Handle With Care"

segunda-feira, agosto 14, 2006

amarelo luz.













Luz.



Luminescência.
Uma qualidade ímpar.

(...)
Abreviações, cá entre nós, eufemismos incipientes. Penso o quanto de nós é reproduzido a torto e a direito ( ora sem direito) no caso de quem nem ao menos sabe quem somos, fato. Quantas ligações covalentes existem partindo de indivíduos indiferentes. Sabe-se lá o porque real dessa indagação. O que de fato perturba à caráter de hesitação. O silêncio que atropela a boca, corrompida, atônita, por ora muda. E traçar linhas tão próximo e tão distante na anfibologia do orgulho depravado de todos. Sonego, silencio. Parto do pressuposto que dissipasse por partículas impercepitíveis, que acumulam-se sós nos cantos do pranto de um qualquer ego falido. Em dias azuis demais para serem queridos. No baço d'olhos que nos nega uma plácida beleza hipócrita, desse amuado ambiente, de contrastes tão silenciosos e estrondosos. Pavimenta o peito logo que acalente. Melhor que flua entre concreto árido à que músculo nerval.
(...)
"coisas da vida", duma esquizofrenia tão humana.

jangada nas cores da vista cansada.


"Coisas da vida."
No curso dos acontecimentos a vida tem seu próprio desfecho.
Atenua aquilo que chamamos "rugas".
Bem, são mais que pequenas imperfeições no contorno dos olhos, boca.
As rugas respondem por uma parcela maior.
O reflexo.
São os anos a mais de quem se apega em demasia a "matéria".
Ora o excesso do riso, dito frouxo, desnecessário.
Sem exagero a busca por formas perfeitas.
Como o descasso delas.
A preocupação de quem cria os filhos pro mundo.
Ou dos pais exacerbadamente preocupados.
Curioso que todos pendemos para as mesmas rugas.
Marcas de expressão.
Seria no final das contas o quesito idade que nos igualaria.
Vivência por si só.
Seja na necessidade, por prazer.
(...)
"Talvez um dia quando for mais velha você compreenda a minha posição."
Será que devo almejar compreender?
Ora menos rancoroso deixar de lado.
Excesso de zelo 'aos' olhos, trás pálpebras flácidas cedo demais.

sexta-feira, agosto 11, 2006

como desejo.


inspiração.
um sonho. anseio.
aquele desejo que lhe consome.
por inteiro.
(...)
"quero para mim muitos gatos e filhos.
na ordem que me for permitido."

quinta-feira, agosto 10, 2006

Força



fortaleza.

entre músculos.
ligas.
entre ossos.
ligas.
entre artículas.
ligas.

(...)


o corpo tem limites.
ainda desconhecidos.
há uma alma.
ainda irrevelada.
temos outras estórias de nós mesmos.
guardadas ao longe na memória.

depois de ontem.

"andei por horas.
entre deslizes portugueses.
parava nos cantos e olhava a pressa.
os carros guiando-se em camêra lenta.
o sol rasgava a pele.
o rímel borrado, além dos cílios.
os lábios secos com resquício do vício.
perambulava atônita. atemporal.
chiavam bocas, línguas próximo a nuca.
o silêncio era dispersado,
logo ao lado do rabo de cavalo. (...)"

mulheres densas.
apelo.apego.
entre nossos dedos, a calma.

esverdeado.












dias de chuva.



uma tempestade distinta.
de entranhas.
e nelas.
com uma qualquer similaridade aos dias comuns.

quarta-feira, agosto 09, 2006

coisas da vida.















Logo cedo.







Hoje é daqueles dias em que se constata coisas.
Aquelas tais "coisas da vida", referidas por alguém que traça letras, desinibido.
Bem, hoje acordei e me vi escrava da mão que corre entre os olhos.
Sim, creio que nasci com coriza.

acto de mirar.

Estamira.
Aquela que mira. Esta Mira.
O dom em si do olhar além.
Aquilo de nós descoberto.
Entregue as mazelas d'alma.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Amarelo olho.


Olho.
No meio.
Amarelo olho.
Sombreia.
Pede olho.
Margeia.
Atenção recorre.
Desliza, linha.
Circula, anula.
Decifra-te sentido.
Perdido no caso.
Descasso teu,
do olho que mira.

Reprisa olho.
No meio.
Outrora, amarelo.

Mundo novo, velho de hoje.


Entre nós, todos, aqueles que de perto nos igualam.
De perto os gestos, todos, naqueles que bem queremos.
Outro dia sóbrios, todos, vimos de espectadores os nossos fracassos.
Nos olhos pálidos, todos, fomos ao acaso abandonados.
Viemos, todos, sob vulgo de interioranos do umbigo mundo.
Sorteia ambos, todos, prêmio interino tempo.
Olhos outrora, em todos os rostos, molham maçãs róseas.

Porque soa.


"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir

Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada, nada"

timbre, Bethânia.
letra, Arnaldo.