breviedades pausadas

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entre o verde o vermelho

terça-feira, setembro 05, 2006

"vento velho"


e o tempo horas demais passa arrastado.
leva tempo, diria, pra concluir a hora.
aquela de se fazer algo. mudar de fato.
e o vento desliza junto, na brisa, pela pele fria. sopra, atenua as rugas que florescem. sim, flores nascem, primavera são os anos. tudo como outro dia foi. mas sempre novo, o ontem guardado, numa caixa de lembranças que se esvazia, lenta e sozinha. se esquecem os dias. aqueles outros todos. portanto os beijos, as carícias. penso, todavia restam os presentes, ou presente, singular e só. perambulam os dedos, atônitos, cansados das mesmices que lhes cabem. cabelos, presilhas, antes fumaça. os pés tocam uma melodia qualquer, desritmada. mas cantam, espatam os males, e cantam, sorridentes à boca. foi o frio que enrugou os dedos, enrubesceu as maçãs. sim, o frio trazido pelo velho vento.