breviedades pausadas

breviedades pausadas
entre o verde o vermelho

segunda-feira, outubro 30, 2006

entre-ar



avulso.
entre nós, ar.
entre-ar.
distantes até não sentirmos calor.
calor humano, do outro.
outrem, que vem e vai, e é assim, igual.
somos assim, parecidos.
cabelos, unhas, uns sorrisos sozinhos.
e andamos num sentido que ás vezes respira,
engasga.
para algum lugar comum, nosso.
dentro de nós, velado, outra vez só.
penso, não, não penso tanto, nem em nós, comuns.
porque ao acaso somos, jogados,
em ventos que nem sempre sopram.
os olhos brilham, longos, minto, não brilham tanto.

O amor ás vezes ofusca os olhos, como cílios que caem.
a intensidade é inversamente proporcional a felicidade,
qual felicidade era mesmo?
sim, ao comum, a felicidade de todos que amam sem demasia.

os outros andam, perambulam. como nós. sem mais.
somos todos doses de relacionamentos superficiais.
ao menos quase todas ás vezes ao longo dos dias e dias.
e os olhos não se trocam, os braços se degladiam.
e o contato mais longo é o esbarro alheio, quando sonolento.

sem mais. sem mais nada mesmo.
afinal avulsos como todos os eus comuns dentro de nosso mundo-anonimato.

terça-feira, outubro 10, 2006

Curioso.


As águas de março ainda perduram.
Curioso isso.
Não só as águas repetem o ciclo. Ou fogem dele.
Todos nós num fluxo contínuo.
Vindo sempre a cumprir às expectativas de outros tempos.
O medo é a pior herança genética que carregamos. Digo, medo-metafísico. Aquele "órgão" social que nos mantém homens coletivos.
Sempre a ter medo de tudo. Da coragem em especial. Que aqui se submete as conveniências.

quarta-feira, outubro 04, 2006

primórdios

Do homem que pouco se tem.
Ao homem que pouco se acha.
Nas entranhas que nos custa crer.
Ao silêncio que nos degrada.
Pelos olhos turvos dos dias.
Para dedos presos pelo medo.
Na caverna que pouco nos diz.
De todos os anúncios que nos fizeram,
em outros tempos.
No fim que acomete a todos,
todos ao mesmo tempo, no que dizem alguns.
Mortos estamos hoje, homem se liquefez.
O alter-ego falido, por previsão do homem
que tenta se construir, no padrão homem,
tão comum à todos os outros homens mais ou menos.

mais ou menos história, fábula de si.
menos verdades absolutas.
mais medo e subordinação.
O homem sociedade amarra o nó, nos quer ali,
contidos nele, enquanto figuras representativas,
homem social.
Nem mais um odor, ou rastro de baixaria, "selvageria".
Somos matéria homem, homem subproduto do meio,
meio composto por homem, decomposto figura social.
Aquele que cria submete-se a criação do gênero, da gênisis e do medo.
Engole guela abaixo ou cu adentro. Atento a não convergir,
tendencioso a ser o novo homem a criar o homem.
Silêncio e homem, sinequia.