breviedades pausadas

breviedades pausadas
entre o verde o vermelho

quinta-feira, abril 12, 2007

nós de nós mesmos

entre nós e nossas dúvidas recorrentes.
perguntas de muitas culpas engavetadas.
tantas questões amontuadas em algum quarto trancado.
sem janelas, sem frestas, de porta que quer se ver entreaberta.
ali junta-se mofo, que empelota o peito.
mofo, subproduto da mágoa resolvida,
melhor, guardada no canto do quarto.
se a luz pudesse entrar veríamos tudo de nós,
pelos cantos que já perderam seu espaço.
de fora do quarto, estamos fadados ao cheiro.
que atravessa as paredes e se propaga pela casa toda, vazia.
saímos pela porta e vemos do jardim a casa ruir.
mas não desaba, o que não está resolvido submete-se.
perdura mantendo em pé paredes e carcaças do que já fomos.
o jardim por sua vez cresce, induzindo a continuidade do tempo.
aos poucos o medo se abafa pela polvorosa curiosidade.
e de passos leves retornamos a casa.
sentamos na sala e nos relemos em alguma ficção.
o cheiro nos induz ao relaxamento.
queremos aceitar aquilo de nós entre nós mesmos.
e o jardim flagra o momento em que os alicerces cedem.
e a poeira que sobe é a matéria à qual sempre retornamos.